segunda-feira, 18 de abril de 2011

Turismo Étnico em Ilhéus



Famosa pela beleza de suas praias exóticas, a cidade de Ilhéus, localizada na Costa do Cacau, a 462 km de Salvador, ganhou mais um roteiro turístico na última quarta-feira. A partir da iniciativa do terreiro de matriz africana Matamba Tombenci Neto, os visitantes e turistas poderão conhecer um pouco mais da história de luta e resistência negra da cidade de Ilhéus, na visitação do Museu Matamba, localizado nas acomodações do próprio terreiro.
Segundo Ariel Figueroa, um dos responsáveis pela articulação do novo roteiro, o objetivo é aproximar a comunidade das atividades turísticas. “O que se pretende é fazer com que os próprios moradores de Ilhéus explorem seus potenciais turísticos, que muitas vezes não são conhecidos e, através deste roteiro específico, fazer com que visitantes e turistas conheçam um pouco mais da cultura negra”, afirma Figueroa.
O Terreiro Matamba Tombenci Neto, de nação Angola, foi fundado em 1885 e, sob o comando da ialorixá Hilsa Rodrigues, mantém outros projetos sociais, como a banda percussiva Gongobira e o bloco afro Dilazenze, que é composto por crianças e adolescentes da comunidade de Ilhéus.
O roteiro já havia sido apresentado anteriormente, de forma experimental, para um grupo de turistas paulistanos, e a resposta foi muito positiva. “Fizemos a estreia do roteiro de uma maneira mais tímida, mas a receptividade foi tanta que resolvemos expandir o projeto e contatamos agências de turismo que já fecharam pacotes para visitação. Será um roteiro de duas horas e meia de duração” revela Ariel.

Histórico do Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze



O Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze é uma sociedade civil sem fins lucrativos que iniciou suas atividades em 22 de fevereiro de 1986 e faz parte do conjunto de entidades do movimento negro de Ilhéus, Bahia.
Criado por jovens pertencentes à tradição religiosa Angola-Congo, o Grupo vem desenvolvendo projetos políticos, culturais, carnavalescos e educacionais, buscando resgatar a auto-estima da população negra através de atividades que desenvolvam sua consciência crítica. 
Dentre os projetos desempenhados pelo Grupo, destacam-se o bloco afro Dilazenze, a Banda Percussiva, o grupo de samba de roda Sambadila, o corpo de Ballet Afro e o projeto sócio-educacional Batukerê. O Grupo ainda realiza oficinas de dança e de percussão destinadas à  comunidade.
De maneira geral, o seu trabalho desenvolve temas comprometidos com a cultura africana e afro-brasileira, marcadamente presentes nos desfiles de carnaval de Ilhéus onde o bloco afro Dilazenze foi consagrado campeão por cinco vezes consecutivas.
Uma de suas particularidades é o fato de se estruturar fisicamente dentro de um dos terreiros de Candomblé mais tradicionais de Ilhéus: o Terreiro de Matamba Tombenci Neto, de nação Angola-Congo, existente há 127 anos e localizado há mais de 50 anos no bairro da Conquista. Essa condição oferece a base de uma unidade bem mais ampla que a dimensão exclusivamente religiosa: o Tombenci funciona como um verdadeiro centro de aglutinação de uma boa parcela dos moradores do bairro onde se localiza. É devido ao Terreiro que as atividades do Dilazenze não se restringem ao carnaval, mas abarcam as dimensões sociais e de preservação cultural.
Ao longo de sua existência, o Dilazenze buscou dialogar com diversas entidades governamentais e não-governamentais para a construção de um projeto conjunto de políticas e ações afirmativas destinadas a população afro-descendente.  Desenvolveu parcerias de apoio institucional com organizações privadas e secretarias de Educação, Saúde, Cultura e Turismo do município e do estado. Seu trabalho comprometido com a cultura de matriz africana é amplamente reconhecido por diversos segmentos da comunidade social e frequentemente a apresentação de seu corpo de Ballet Afro compõe a programação cultural de seminários, encontros, congressos, conferências, reafirmando a presença e contribuição dessa cultura no município.
No plano político, participou da Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, promovida pela Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (SEPPIR), com o intuito de inserir o município na agenda nacional.
As atividades desenvolvidas pelo grupo e a política de intercâmbio entre a comunidade negra de grupos culturais da Bahia, do Brasil e do exterior, promovem oportunidades de diálogo onde diferentes expressões culturais são colocadas em comunicação e convivência, construindo formas de reconhecimentos de diferentes culturas. 


Banda Percussiva Dilazenze



O grupo de preservação da cultura negra Dilazenze, foi fundado em 22/02/86 com a finalidade de preservar, cultivar e expandir a cultura afro pelo mundo. Para alcançar os seus objetivos o grupo desenvolve diversos projetos sociais, culturais, políticos e religiosos na busca pela implantação de políticas de auto-afirmação da cultura e da cidadania afro brasileira através do reconhecimento da identidade do povo negro. O Dilazenze mantém alguns seguimentos que ao longo desses 24 anos os auxiliam no desenvolvimento desses projetos, segmentos como o Bloco Afro Dilazenze que atua nos carnavais, nas festas populares e em diversos eventos da cidade de Ilhéus e região, o Corpo de Balé Afro Dilazenze mostrando toda força beleza e tradição da dança afro, o Grupo Sambadíla que trabalha o resgate e a preservação da chula e do samba de terreiro "o samba de roda", o projeto socio-educacional Batukerê, que atende a 60 crianças e adolescentes da nossa comunidade buscando uma oportunidade de vida através da arte e da cultura, e a Banda Percussiva Dilazenze que trás para o palco o melhor da musica afro, através de um importante trabalho de fusão rítmica que incorpora o repertorio da Banda. Com um repertório fiel as raízes africanas e tendo como carro-chefe o forte som da batida percussiva, Banda Dilazenze vem apresentando o seu trabalho em vários estados do Brasil e diversas cidades do estado da Bahia alem de hotéis, festas populares como os carnavais ilheense onde teve brilhantes apresentações. A Banda percussiva Dilazenze vem desenvolvendo os seus trabalhos com um único objetivo; manter viva a musica os ritmos e a tradição do povo Negro.  


Balé Afro Dilazenze


O Corpo de Balé Afro Dilazenze foi criado em 1986 com o objetivo de, pesquisar, desenvolver e preservar as danças africanas e afro brasileiras, seus espetáculos são provenientes das atividades de pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze, seus coreógrafos e bailarinos realizam um importante trabalho de pesquisa para adquirir conhecimentos com a intenção de aplicar sempre novas técnicas e estilos para compor suas apresentações. O balé afro Dilazenze já se apresentou em diversos estados do Brasil como São Paulo, Rio de Janeiro e varias cidades da Bahia entre elas Barreiras, Caravelas, Canavieiras, Itabuna entre outras, levando para os palcos toda força, beleza, tradição e alegria dos povos africanos, com elementos da dança afro tribal, religiosa e contemporânea incorporados às danças Das manifestações culturais afro-brasileiras. Todo o espetáculo do Balé Afro é marcado pela forte batida percussiva dos tambores africanos, tudo ao vivo para contagiar e envolver a todos que assistirem.






Samba Dila

O Sambadíla é um dos segmentos mantidos pelo Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze, o qual desenvolve suas atividades através de um bloco afro carnavalesco, de um corpo de balé afro, de uma banda percussiva e do desenvolvimento de projetos sociais, a exemplo do “Projeto Batukerê”, que atende a sessenta crianças e adolescentes entre 7 e 16 anos, oferecendo oportunidades de inserção social através de atividades complementares a escola.
O Sambadíla surgiu em 1990, na cidade de Ilhéus no sul da Bahia de uma brincadeira de amigos, que reunidos começaram a tocar o samba. Entretanto, bastou pouco tempo para que seus integrantes percebessem a importância de ter um trabalho mais comprometido com a preservação das raízes do samba de roda. Dessa forma, integra à finalidade do grupo, o resgate, a preservação e desenvolvimento da cultura do samba de roda em nossa região. Assim, o Sambadíla procura desenvolver um trabalho de pesquisa dos ritmos e das musicas, cantadas nas cerimônias festivas dos templos religiosos de matriz africana, principalmente no recôncavo baiano em Cachoeira de São Felix e Santo Amaro, “considerado o berço da chula e do samba de terreiro”. Sua musicalidade compreende uma fusão da chula e do samba de terreiro, aliado a um repertório fiel às raízes do samba de roda, tendo como carro-chefe o tradicional som da viola e a força da batida percussiva.
Ao longo desses 19 anos o grupo fez diversas apresentações em cidades do estado da Bahia, principalmente em festas de cultura popular e nos carnavais ilheense. As participações do grupo na Lavagem do Bonfim em Salvador no ano de 2004, no carnaval de Ilhéus nos anos de 2006 e 2007, na primeira edição do projeto chocolate groove no teatro municipal em 2009 e na tradicional festa de São Sebastião em Ilhéus em 2010, caracterizam-se sem dúvidas, como apresentações que marcaram a sua trajetória. Um dos poucos grupos de Ilhéus que conservam a riqueza do Samba de roda, o Sambadíla tem como objetivo manter viva a tradição do povo negro, uma vez que consagra como expressão artística, musicalidades de matriz africana.



Projeto Social Batukerê

O Projeto Batukerê é proveniente das atividades desenvolvidas pelo Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze. Criado no ano 2000, ele atende a 60 crianças e adolescentes de 07 a 14 anos, moradores do bairro Alto da Conquista em Ilhéus, as quais precisão estar freqüentando a escola regularmente. O projeto consiste, fundamentalmente, em uma série de atividades oferecidas nas oficinas em dois horários (manhã e tarde), a fim de se adequar ao horário escolar das crianças e adolescentes que participam. Suas atividades envolvem o oferecimento de oficinas de dança afro, percussão, teatro, artes plásticas, música e capoeira. O objetivo principal do Projeto Batukerê é fornecer alternativas ocupacionais, educacionais, artísticas, culturais, lúdicas e profissionalizantes para crianças e adolescentes da comunidade do Alto da Conquista, através da promoção de atividades que combinem arte e cultura negra e possa dar-lhes a oportunidade de desenvolverem talentos que futuramente, possibilitem melhores condições de vida.


Presidente do Dilazenze !

Gilsonei Rodrigues, mais conhecido como “Mestre Ney” é um músico percussionista nascido e criado na cidade de Ilhéus no estado da Bahia, morador do bairro da Conquista, onde desenvolve suas atividades a mais de 25 anos através das ações do grupo de preservação da cultura negra Dilazenze. Com o objetivo de difundir o ritmo e a música percussiva e sempre comprometida com as raízes culturais oriundas da África, mantendo um importante trabalho de pesquisa, resgate e preservação, Mestre Ney se tornou um dos maiores conhecedores do universo rítmico que cerca toda musicalidade africana e afro brasileira. Musico profissional, Mestre Ney já trabalhou com varias bandas e diversos artistas consagrados como Fabio Souza, Tonho Matéria, banda Olodum, Cacau com Leite, Massicas e Originais do Forró, participou de diversos encontros e intercâmbios com músicos de países como Angola, Nigéria, Cuba, Uruguai, Estados Unidos e  França. Atua voluntariamente como orientador e gestor cultural em projetos sociais, escolares e comunitários, com uma metodologia moderna e eficaz.